Pesquisa da CNC revela que as famílias de renda mais baixa ficaram mais endividadas, mas menos inadimplentes

O Brasil está mais endividado: em março, 77,1% das famílias brasileiras apresentam contas em atraso ou comprometidas com cartões, empréstimos e financiamentos, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O número, que voltou a subir após meses de queda, acende o alerta para o orçamento das famílias — mas especialista garante que é possível reverter o cenário com planejamento e medidas práticas.
Um dos fatores que pode ter colaborado para a piora no cenário da economia familiar neste período, pode ser o aumento das taxas de juros e também da inflação, que reduziu o poder compra do brasileiro. A pesquisa, contudo, trouxe também um dado positivo. O total de endividados em comparação com março de 2024 é menor, já que neste período o índice ficou em 78,1%.
A Peic captou também que parte desse endividamento foi realizado com o objetivo de quitar outras dívidas, ou ainda, renegociar as existentes. Dessa forma, essa nova dívida possui um prazo menor para a quitação e ainda juros mais altos do que as dívidas anteriores. Além disso, as famílias de renda mais baixa ficaram mais endividadas, porém menos inadimplentes.
Para o CEO da iCred, Túlio Matos, a inadimplência de grande parte da população impacta a economia como um todo. “O endividamento afeta sobretudo o setor de comércio e serviços, que percebe uma redução nas vendas e contratações, e consequentemente, acaba promovendo cortes”, alerta.
Para ele, o problema pode piorar porque existem outros fatores que contribuem para este cenário, além das previsões da economia apontarem para a manutenção da alta da inflação e da taxa de juros, a falta de educação financeira da população agrava ainda mais a situação.
Diante da necessidade de mais recursos, muitas famílias recorrem a empréstimos. Mas Túlio alerta que os empréstimos só devem ser considerados se observados alguns requisitos. “O crédito deve ter um papel de colaborar na solução do endividamento, para a pessoa se organizar financeiramente e planejar melhor o futuro”, afirma.
Confira, a seguir, algumas dicas para colocar as finanças em dia:
Organize seus gastos
Para iniciar o planejamento financeiro, tenha o controle de todos os seus gastos fixos e eventuais. Comece a anotar em uma planilha para onde vai o seu orçamento, e liste até mesmo gastos não programados, como uma ida ao dentista, a compra de um remédio ou uma visita do pet ao veterinário.
Analise sua renda e alinhe os números
Após o primeiro passo, avalie se sua renda é compatível com as despesas. Caso não seja, será necessário rever quais gastos são realmente necessários e quais podem ser cortados. Lembrando que despesas básicas também podem ser revistas, como economizar nas contas de água e luz, optar por produtos mais baratos no mercado ou, ainda, deixar de comprar itens desnecessários, como os famosos deliveries.
Considere as emergências
Todos sabemos que emergências acontecem: um cano quebrado, uma doença ou qualquer outro imprevisto. Para esses casos, o ideal é sempre ter uma reserva de emergência, ou optar por um empréstimo consignado dentro da sua possibilidade de pagamento. Analise as alternativas com calma e uma calculadora na mão.
Pense no futuro
Para compras grandes, de bens duráveis ou de longo prazo, é necessário se preparar. Vale poupar o que for possível. A recomendação é poupar 20% da renda, mas se este valor for muito alto para você, comece com o que pode. E seja constante, ainda que com valores pequenos.