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O ano de 2025 promete ser um divisor de águas para as empresas na área da saúde – com destaque para a mental -, e dos cuidados de seus trabalhadores.

O cenário é, sem dúvida, desafiador e nada trivial para as lideranças, mas também repleto de oportunidades para adotar as melhores práticas, em especial nos campos da gestão e prevenção.

Duas questões principais de saúde dos colaboradores concentram as atenções das companhias neste ano, pois representam impactos diretos sobre o absenteísmo, a produtividade e os negócios.

Uma delas, em vigor desde janeiro, diz respeito ao reconhecimento do burnout como doença do trabalho.

Outra questão que as organizações começam a enfrentar é a necessidade de atualizar a Norma Regulamentadora 1 (NR1), cujo escopo define as diretrizes em torno da segurança e saúde no trabalho. A novidade é que, a partir do final de maio, a regra terá a inclusão de riscos psicossociais.

Esse aspecto reforça a visão de cuidados com as pessoas, sendo um importante aliado para o fortalecimento da saúde mental dos trabalhadores, especialmente no contexto atual, no qual o bem-estar dos colaboradores é percebido como algo diretamente ligado à produtividade e ao ambiente de trabalho.

Como parte do gerenciamento de risco que as empresas terão de adotar para viabilizar a revisão da NR1, é importante incluir atividades, como, por exemplo, criar um ambiente que favoreça a comunicação aberta, o respeito e a inclusão, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade entre os colaboradores.

Adicionalmente, implementar programas de assistência ao empregado (PAE) que ofereçam suporte psicológico, apoiando os colaboradores em questões pessoais e profissionais e prevenindo problemas mais sérios; e realizar treinamentos e capacitações, tanto para as lideranças em todos os níveis quanto para os trabalhadores, para equipá-los com ferramentas que proporcionem o gerenciamento adequado de suas emoções e interações.

Além disso, é fundamental realizar avaliações contínuas da saúde mental dos colaboradores. Afinal, esse processo ajudará a identificar áreas que precisam de atenção e intervenção. O movimento de adoção das melhores práticas e valorização dos indivíduos nas organizações deve levar a uma integração de áreas. Assim, Recursos Humanos e gestão de pessoas devem se aproximar dos profissionais dos serviços de saúde e segurança do trabalho.

No entanto, os números apontam que muita lição de casa ainda precisa ser feita para melhorar o cenário atual. Estudo recente realizado pela Mercer Mash Benefícios com uma base de 185 mil atestados médicos mostrou que, hoje, doenças mentais ocupam a segunda posição no quesito tempo médio de afastamento, com trabalhadores ficando, em média, 8,1 dias fora de suas funções.

A boa notícia é que as empresas estão, cada vez mais, sensíveis a essa questão.

A 2ª edição da Pesquisa de Saúde Ocupacional, que finalizamos no final do ano passado, após ouvir lideranças de 208 empresas de diversos setores, identificou que 37% das empresas participantes informaram monitorarem as situações de afastamento do trabalho por saúde mental ou relacionadas à suspeita de burnout.

A maior atenção das empresas ao assunto também pode ser observada no mapeamento dos fatores que motivam casos da doença. Segundo a mostra, 42% das situações têm como gatilho o excesso de trabalho, 39% conflitos com as lideranças e 13% dos funcionários citaram a falta de autonomia sobre o trabalho.

Outro movimento positivo é a busca por prevenção, com medidas adotadas que envolvem o incentivo à prática de atividade física e alimentação saudável. Nessa direção, a pesquisa observa que 71% das empresas participantes relataram utilizar essas atividades, compondo ações que promovem uma cultura organizacional voltada para empatia, escuta e comunicação não-violenta, capacitação das lideranças, canais de atendimento psicológico e ações que valorizem o trabalho realizado pelos funcionários.

A implementação de estratégias de gestão focadas na redução do absenteísmo pode resultar em melhorias substanciais no ambiente de trabalho e na sustentabilidade financeira das organizações, além da necessidade da maior rastreabilidade e acompanhamento dos trabalhadores durante a jornada laboral a utilização de ferramentas eficazes no controle e acompanhamento dos afastamentos trazendo resultados que permitam aos gestores e organizações a adoção de medidas preventivas e melhor jornada do cuidado.

Para dar conta desse conjunto de desafios, é fundamental que as empresas fortaleçam ainda mais seus serviços de saúde e segurança do trabalho, investindo na contratação de pessoal qualificado, incluindo sistemas de informação inteligentes e capacitação técnica.

Diante do crescente cenário de afastamentos do trabalho e adoecimentos, com potenciais chances de mitigação, essa área exerce um papel fundamental para o bem-estar dos trabalhadores e deve ser assistida pelas empresas. Isso inclui o acompanhamento de atualizações regulatórias trabalhistas, gestão integrada e responsabilidade ética, em uma estratégia inteligente que pode trazer benefícios significativos tanto para a empresa quanto para seus colaboradores.

Nesse contexto, a atualização da NR1 certamente será um grande desafio para as empresas neste momento de implantação, mas, se bem gerida e assistida de perto, seus resultados tendem a ser promissores, com impactos positivos na saúde coletiva.