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Uma provocação instigante ganhou corpo recentemente: e se colocássemos empresas e gestores no divã? A partir dessa perspectiva, discutiu-se como o DNA organizacional e os conteúdos inconscientes influenciam, de forma profunda e muitas vezes silenciosa, os rumos de uma corporação. O tema foi abordado no palco FL Brands do Fórum da Liberdade, em uma conversa promovida pelo escritório Rafael Pandolfo Advogados Associados

Ao lado de um psicanalista e dois líderes empresariais, o debate proposto fugiu da superfície dos indicadores financeiros e mergulhou na complexidade dos vínculos, das emoções e da cultura organizacional. O que se viu foi um consenso: as empresas não são máquinas — são organismos simbólicos e emocionais

Empresas são constituídas por seres humanos, cujos conflitos internos podem repercutir na visão de mundo e na tomada diária de decisões. Quando líderes não se conhecem, quando há desalinhamento entre o que se diz e o que se faz, o ambiente se contamina, assim como um organismo biológico. A cultura defensiva, a baixa confiança e a comunicação truncada não são problemas “soft” — são entraves reais ao desempenho. Gestores que não olham para o intangível estão condenados a repetir os mesmos erros com roupagens diferentes.

Liderança como reflexo e catalisadora da cultura 

O painel foi incisivo: líderes não são apenas operadores de tarefas — são espelhos da cultura. E, como tal, carregam a responsabilidade de promover coerência entre discurso e prática. Quando há abertura ao diálogo, clareza de propósito e escuta ativa, as equipes respondem com engajamento, autonomia e resiliência. Quando há idealização, rigidez ou medo, o oposto se instala. 

Outro ponto relevante discutido foi como se contratam e desenvolvem pessoas. As empresas mais conscientes já entenderam que currículo não é tudo. Alinhar história pessoal com propósito organizacional não é só inspirador — é estratégico. 

O maior erro das lideranças, talvez, seja tratar cultura como algo acessório, quando, na verdade, ela é a fundação. Não se constrói resultado positivo em um terreno instável. Empresas que cultivam sua identidade, que encaram seus conflitos internos e que fortalecem vínculos humanos constroem bases mais sólidas e resilientes — e os números, inevitavelmente, refletem isso. 

Este não é um chamado para abandonar os indicadores ou desprezar a estratégia. É um convite para ampliar o olhar. Para perceber que o invisível — o que está nas entrelinhas, nos vínculos, na energia que circula entre pessoas — têm mais impacto sobre os resultados do que se costuma admitir. 

Fonte: Rafael Pandolfo é sócio-fundador do escritório, formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre e Doutor em Direito Tributário pela PUC-SP, é integrante da categoria “Star Individuals” do guia Chambers Top Ranked Brazil 2024. Além disso, Pandolfo é o coordenador técnico do programa Resgate-RS, que busca implementar medidas tributárias necessárias à recuperação de empresas atingidas pelas enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul.

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