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CEO do Infojobs responde a razão de o mercado estar deixando de ver com maus olhos quem troca de emprego antes de completar dois anos

Ficar pelo menos dois anos em um emprego sempre foi visto como um sinal de comprometimento e estabilidade. No entanto, em um período pós-pandêmico, com novas prioridades entrando em pauta, a lógica é outra — e mudar de emprego com mais frequência já não é mais um tabu para muitas empresas.

Dados do Ministério do Trabalho mostram que o tempo médio de permanência de um profissional em um emprego, no Brasil, está abaixo dos dois anos. A informação de 2023, aponta que, entre os mais jovens, de 18 a 24 anos, a média é ainda menor: apenas nove meses. Ao contrário do que muitos pensam, essas movimentações já não são vistas como sinais de instabilidade, mas de busca por crescimento e novos desafios.

“Os profissionais querem ser desafiados e desejam que sua permanência em uma empresa traga desenvolvimento e oportunidades”, explica Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, maior HRTech da América Latina.

De acordo com a executiva, o fenômeno, conhecido como job hopping — ou troca frequente de empregos —, está em evidência há algum tempo e deixou de ser encarado com tanto preconceito. Hoje, profissionais que têm passagens mais curtas por empresas podem ser valorizados por trazerem repertório diverso, adaptabilidade e visão estratégica ampliada.

“O mercado entende que uma carreira construída com movimentos consistentes, mesmo que em um menor espaço de tempo, pode ser tão ou mais rica do que uma trajetória linear e longa em uma só empresa. Tudo depende do contexto, dos aprendizados acumulados, dos projetos realizados e da forma como o profissional comunica isso”, destaca Ana.

A nova realidade também é impulsionada pelas expectativas das novas gerações. A chamada geração Z, por exemplo, prioriza qualidade de vida, alinhamento de valores com a empresa e propósito no trabalho. Neste sentido, uma pesquisa recente da Aon revelou que 68% dos brasileiros pensam em mudar de emprego nos próximos 12 meses — um índice que reforça o desejo por mais significado e realização na jornada profissional.

Há oportunidades diante deste cenário?

Para as empresas, o desafio é claro: desenvolver estratégias mais eficazes de retenção. Isso passa por oferecer oportunidades reais de desenvolvimento para cada perfil, maior flexibilidade, liderança humanizada e uma cultura organizacional que faça sentido para o colaborador.

“A permanência por anos em uma mesma empresa só faz sentido quando há a oportunidade de crescimento contínuo dos dois lados. Caso contrário, o que era visto como ‘lealdade’ pode virar estagnação”, comenta Ana Paula.

A lição é direta: mais do que contar tempo, vale contar trajetória e resultados. E, nesse novo mercado, saber se reinventar — mesmo que isso signifique mudar antes dos famosos dois anos — pode ser um sinal de coragem, versatilidade e inteligência em prol do crescimento na carreira.

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