Estudo do Instituto Update revela que 94% das mulheres brasileiras defendem igualdade salarial
*Por Hugo Bethlem, presidente do conselho do Capitalismo Consciente Brasil
A equidade salarial entre homens e mulheres continua sendo um dos principais desafios do mercado de trabalho brasileiro. Apesar do consenso de que homens e mulheres devem receber o mesmo salário para cargos semelhantes, a realidade ainda é marcada por desigualdades.
A desigualdade salarial persiste não por falta de legislação, mas devido às atitudes de lideranças empresariais. Desde 1988, a Constituição Federal já determina que não deve haver diferença salarial por gênero, e mesmo assim foi necessária a criação da Lei 14.611, em 2023, para regulamentar essa igualdade. No entanto, muitas empresas ainda operam sob uma mentalidade ultrapassada que desvaloriza a presença feminina no mercado de trabalho, perpetuando crenças equivocadas sobre produtividade e dedicação das mulheres.
Para reduzir essa diferença salarial, é necessário implementar políticas justas e baseadas em propósitos. No primeiro momento, pode parecer que a equiparação salarial impacta negativamente os lucros, mas os resultados se recuperam rapidamente com o aumento da produtividade das funcionárias reconhecidas e valorizadas. Além disso, empresas que adotam equidade e diversidade tendem a apresentar maior produtividade e desempenho, pois refletem melhor a composição do próprio mercado consumidor.
Setores como tecnologia, indústrias e transporte são alguns dos mais afetados pela desigualdade salarial. No entanto, essa disparidade é ainda mais evidente em empresas que operam com um foco exclusivo na maximização do lucro, sem considerar a importância da geração de riqueza e bem-estar de forma equitativa.
Para criar um ambiente corporativo mais inclusivo, é fundamental garantir igualdade de acesso a oportunidades, flexibilidade no trabalho remoto sem discriminação de gênero e combate a qualquer tipo de assédio. Empresas precisam abandonar a visão de lucro imediato e abraçar um modelo de negócios sustentável e consciente, onde o lucro seja consequência de uma boa gestão voltada para o propósito e a sustentabilidade.
Se o mercado consumidor é dividido igualmente entre homens e mulheres, é essencial que haja equilíbrio dentro das empresas para atender melhor essa demanda. Bons exemplos disso incluem Gerdau, iFood e Dengo, que têm práticas consolidadas de igualdade salarial e diversidade, promovendo um ambiente mais justo e produtivo para todos.
A transformação do ambiente corporativo não acontece de forma instantânea, mas exige um compromisso contínuo com mudanças estruturais e culturais. Empresas que investem na equidade salarial não apenas promovem justiça social, mas também garantem um crescimento sustentável e competitivo no mercado. É hora de agir com consciência e construir um futuro mais igualitário para todos.