Com práticas conscientes e valorização dos trabalhadores, o meio rural se torna protagonista na construção de um desenvolvimento mais justo e equilibrado
Quando falamos em sustentabilidade, muitos pensam primeiro nas grandes cidades, nas inovações tecnológicas ou nas políticas ambientais. Mas é no campo que encontramos uma das maiores forças para garantir um futuro mais equilibrado – e isso vai muito além do que se colhe da terra.
A atividade rural, especialmente quando conduzida com responsabilidade e conhecimento, se mostra essencial para o meio ambiente, para a economia e para a vida de milhões de brasileiros.
De acordo com o Sebrae, a sustentabilidade rural está ligada à adoção de práticas que respeitam o meio ambiente, promovem o bem-estar das comunidades e garantem viabilidade econômica no longo prazo. É o que muitos agricultores e agricultoras fazem todos os dias: cuidar da terra com técnicas como o plantio direto, a rotação de culturas e o manejo consciente de recursos naturais.
A preservação dos nossos biomas, como a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga, passa diretamente pelas mãos de quem trabalha no campo. Estudo da Embrapa, em parceria com a Universidade de Brasília, mostrou que propriedades que adotaram práticas sustentáveis entre 2017 e 2021 reduziram em até 25% a emissão de gases de efeito estufa.
Essas mudanças não são apenas boas para o planeta — elas também são boas para o bolso. A mesma pesquisa revelou que o solo tratado com técnicas como o plantio direto conseguiu reter até 15% mais carbono e o uso de defensivos químicos caiu 18%. É um ganho ambiental e econômico.
No campo, o uso racional da água, a geração de energia solar e o reaproveitamento de resíduos são mais do que metas: são parte do dia a dia. Segundo o Relatório de Sustentabilidade do Ministério da Agricultura (2023), cerca de 42% das propriedades brasileiras já adotam pelo menos uma tecnologia voltada à produção sustentável.
A sustentabilidade também passa pela valorização do produtor e da produtora rural. A economia do campo movimenta cadeias inteiras: transporte, comércio, indústria de alimentos. Segundo pesquisa do IPEA (2022), propriedades com certificações sustentáveis conseguem agregar até 20% a mais no valor de seus produtos. E mais: agricultores que investem em capacitação e boas práticas gerem melhor seus recursos e enfrentam com mais segurança os desafios econômicos e climáticos.
Esse crescimento sustentável é essencial para fixar as famílias no campo e garantir que novas gerações queiram continuar cuidando da terra. A sustentabilidade no meio rural vai além da preservação ambiental e do uso consciente dos recursos naturais. Ela também envolve a valorização dos trabalhadores, que desempenham um papel essencial no desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, a aposentadoria rural surge como um reconhecimento do governo àqueles que dedicam sua vida ao campo, garantindo-lhes estabilidade financeira após anos de trabalho.
Hoje, segundo o INSS, mais de 9 milhões de brasileiros recebem a aposentadoria rural. São pessoas que, por décadas, trabalharam sob sol e chuva para garantir alimento à mesa de todos. Esse benefício tem um papel essencial para manter a dignidade e a permanência dessas famílias no campo — especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde o trabalho informal ainda é maioria.
Mais do que uma conquista, a aposentadoria rural é uma estratégia de desenvolvimento. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas -FGV, publicado em 2021, mostrou que 63% dos aposentados rurais seguem ajudando nas atividades da propriedade mesmo depois de se aposentarem. Eles continuam transmitindo conhecimento, fortalecendo os vínculos familiares e garantindo a sucessão no campo — um dos grandes desafios da atualidade.
Contabilidade e atividade rural
A importância da Contabilidade na atividade rural é indiscutível, uma vez que fornece as ferramentas necessárias para uma gestão eficiente dos recursos. Ao registrar receitas e despesas, os agricultores conseguem ter uma visão clara de sua situação financeira, permitindo-lhes tomar decisões mais fundamentadas. Além disso, a contabilidade auxilia na identificação de áreas que requerem melhorias ou que apresentam desperdícios, promovendo uma utilização mais racional dos insumos e recursos naturais.
A adoção de práticas contábeis adequadas também é essencial para a conformidade com as legislações ambientais e fiscais, que regulam as atividades agrícolas. Um bom controle contábil facilita a obtenção de financiamentos e incentivos governamentais direcionados à sustentabilidade, possibilitando o investimento em tecnologia, inovação e práticas que reduzem o impacto ambiental.
Outro aspecto importante é o planejamento estratégico, que pode ser potencializado pela Contabilidade. Através de análises financeiras e projeções de resultados, os produtores rurais são capazes de estabelecer metas de sustentabilidade, como a redução da pegada de carbono, o uso consciente da água e a preservação da biodiversidade. Com isso, não apenas contribuem para a proteção do meio ambiente, mas também asseguram o futuro econômico de suas propriedades.
Em resumo, a Contabilidade não é apenas uma ferramenta de controle financeiro, mas um elemento chave para promover a sustentabilidade no setor rural. Sua aplicação permite que os produtores adotem práticas mais responsáveis, que não só beneficiam o meio ambiente, mas também garantem a viabilidade econômica de suas atividades, criando um ciclo virtuoso que favorece tanto a agricultura quanto o planeta.
