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Utilizada por 80% das maiores empresas do mundo, área ganha força no país com a Mind Match, startup que traduz dados científicos em autogerenciamento prático

Enquanto a Ciência da Personalidade é amplamente aplicada por multinacionais e governos para decisões estratégicas, seu potencial ainda é pouco explorado no Brasil — onde o tema frequentemente se confunde com abordagens superficiais e genéricas de autoconhecimento. A Mind Match, startup brasileira fundada por Bruna Dimantas e sua sócia, Talita Carneiro, surge para mudar esse cenário, aplicando o modelo Big Five (padrão-ouro da psicologia) não apenas no RH, mas também como ferramenta de empoderamento individual.

A chamada Ciência da Personalidade é um dos campos mais sólidos da psicologia moderna, com ampla validação empírica — incluindo estudos com mais de 1,5 milhão de participantes, em mais de 50 países — e crescente integração com a neurociência. Seu modelo mais reconhecido, o Big Five, mapeia cinco grandes traços (Abertura, Conscienciosidade, Extroversão, Agradabilidade e Neuroticismo) com forte base genética, permitindo uma leitura profunda, realista e cientificamente embasada do comportamento humano.

“É ciência, não achismo”, afirma Bruna Dimantas, mestre em Neurociência Comportamental pela University College London. “Os traços do Big Five são estudados há mais de 60 anos, validados em dezenas de culturas e idiomas, e conectados ao funcionamento estrutural do cérebro.”

A relevância da área se reflete nos números: cerca de 80% das empresas da Fortune 500 utilizam testes de personalidade em seus processos seletivos, segundo a consultoria CPP. Ferramentas como Big Five, MBTI e DISC estão amplamente presentes na formação de equipes, especialmente para garantir compatibilidade de perfil e reduzir o chamado “custo do erro” nas contratações.

De acordo com a Society for Human Resource Management, 32% dos profissionais de RH utilizam testes de personalidade para cargos de liderança e alta gestão. O mercado global de avaliação comportamental deve atingir US$ 6,5 bilhões até 2027, impulsionado por novas aplicações, como plataformas de inteligência comportamental voltadas a vendas, como a Crystal Knows — que antecipa o perfil de clientes e aumenta a taxa de conversão de vendedores.

“O que pouca gente percebe é que essas ferramentas não estão buscando encaixar pessoas em caixas. Elas querem prever comportamentos, reduzir riscos e alinhar expectativas, porque personalidade tem impacto direto em performance, tomada de decisão e adaptabilidade”, explica Bruna Dimantas.

Apesar da aplicação corporativa já consolidada, a Mind Match aposta em um território ainda negligenciado: o uso da personalidade como ferramenta de autoconhecimento e autonomia individual.

“O RH usa os traços de personalidade para decidir se alguém deve ou não ser contratado, mas não para entender como reagimos a um conflito, como lidamos com frustração ou como organizar nossa rotina de um jeito que respeite quem somos”, diz Bruna. “Hoje, a ciência está sendo usada de fora para dentro — como se fôssemos peças num tabuleiro. Queremos inverter esse olhar.”

Fundada por Bruna e sua sócia Talita Carneiro, a Mind Match transforma dados de personalidade em mapas práticos de autoconhecimento. A ideia é resgatar a Ciência da Personalidade como um instrumento de autonomia e empoderamento.

Um estudo da Journal of Personality and Social Psychology mostrou que traços de personalidade são mais preditivos de sucesso profissional, saúde e bem-estar do que o QI ou status socioeconômico, desde que as necessidades básicas estejam atendidas. “Isso mostra que essa ciência é central, e não periférica, para entendermos o comportamento humano”, destaca Bruna.

Para ela, compreender a própria personalidade é também um caminho para melhorar as relações. “Quando entendemos por que fazemos algo de determinada forma — e não de outra —, aprendemos a aplicar essa mesma empatia aos outros. Nosso olhar se torna mais inclusivo. Nosso lidar, mais compassivo.”

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