Em meio a presentes, jantares e planos a dois, especialista alerta: equilíbrio financeiro também é sinal de amor e parceria
O Dia dos Namorados inspira paixão, mas as finanças ainda são um ponto sensível entre muitos casais. Segundo a pesquisa “A saúde financeira entre casais”, divulgada pela Serasa em maio de 2025, 52% dos brasileiros afirmam que a situação econômica influencia diretamente a relação. O levantamento também mostra que 60% dos casais dizem fazer controle financeiro mensal, embora apenas 45% saibam quanto o parceiro ganha.
Outro estudo da CNDL e do SPC Brasil apontou que 46% dos casais já brigaram por motivos relacionados ao dinheiro, reforçando a importância de diálogo e transparência na gestão financeira compartilhada. “Falar sobre finanças ainda é um tabu em muitos relacionamentos, mas é justamente a transparência que permite construir uma relação saudável, dentro e fora do orçamento”, explica Daiane Alves, educadora financeira da Neon.
Segundo ela, o ponto de partida é o diálogo. “Independentemente do tempo de relacionamento, é importante conversar sobre como cada um lida com o dinheiro, quais são os hábitos e as expectativas. Uma simples conversa pode evitar conflitos, realinhar prioridades e até abrir caminho para planos conjuntos.” Para os casais que estão no início da relação, o papo pode revelar afinidades ou alertar sobre possíveis incompatibilidades. Já nos relacionamentos duradouros, pode ser a oportunidade de rever padrões e corrigir desequilíbrios financeiros acumulados com o tempo.
A especialista recomenda que os casais definam objetivos financeiros em conjunto, o que ajuda a criar vínculos mais fortes e alinhados. “Pode ser algo simples, como juntar para uma viagem, ou mais robusto, como comprar um imóvel ou quitar dívidas. O importante é que o objetivo faça sentido para os dois e tenha metas realistas.”
Outro passo essencial é organizar as finanças familiares. Daiane orienta reservar um momento para mapear as despesas fixas e variáveis da casa, identificar os chamados “ralos do orçamento” e dividir as responsabilidades de forma equilibrada. “Essa prática evita que um dos lados fique sobrecarregado e permite que o casal tome decisões com base em dados reais.” Acompanhamentos mensais ajudam a manter o controle e a corrigir desvios. “É também uma boa chance de envolver os filhos, caso o casal já tenha uma família, e ensinar desde cedo sobre economia doméstica.”
Transparência é outro pilar fundamental. Esconder dívidas, esconder renda ou omitir gastos pode minar a confiança do relacionamento. “Se existe uma dificuldade financeira, o melhor caminho é compartilhar com o(a) parceiro(a). Ter apoio na hora de resolver um problema ajuda a reduzir o estresse e evitar que a situação se agrave.”
Daiane também defende que o aprendizado conjunto fortalece a relação. “Buscar conhecimento financeiro em conjunto — seja por meio de vídeos, leituras, cursos gratuitos ou até aplicativos de controle de gastos — pode se transformar em uma nova conexão. Além de melhorar a saúde financeira, cria um tema de interesse comum.”
Por fim, ela lembra que cuidar do dinheiro não significa deixar de celebrar. “Metas atingidas, mesmo as menores, devem ser comemoradas. Estabelecer recompensas, como um jantar especial ou um passeio a dois, reforça o valor da conquista e mostra que é possível viver bons momentos sem comprometer o orçamento.”
Assim, o Dia dos Namorados pode ser mais do que uma data marcada por presentes — pode ser um momento de reflexão e fortalecimento da parceria. “Casais que se apoiam e planejam juntos constroem não só um relacionamento mais sólido, mas também uma vida financeira mais saudável e preparada para o futuro”, conclui a educadora financeira.