Executivos à frente de empresas inovadoras mostram que alinhar impacto e gestão é mais do que discurso é estratégia para resultados sustentáveis
O que grandes nomes do empreendedorismo mundial têm em comum? Para além de inovação, capital ou capacidade técnica, um elemento se destaca nas trajetórias de líderes como Satya Nadella (Microsoft), Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza) e Yvon Chouinard (Patagonia): propósito claro.
Mais do que uma causa, trata-se de uma convicção que orienta decisões, define cultura interna e gera valor tangível para o negócio. “A diferença entre um chefe eficiente e um líder inspirador é o nível de coerência entre o que ele acredita e o que entrega”, afirma Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding brasileira especializada em comércio exterior e transformação empresarial.
Em um mercado volátil e saturado por métricas de curto prazo, cresce a atenção a modelos de liderança sustentados por impacto social, inclusão, governança robusta e visão de longo prazo. Segundo pesquisa da McKinsey de 2024, empresas guiadas por um propósito bem definido e vivido têm 63% mais chances de manter colaboradores engajados e são 80% mais resilientes em momentos de crise.
O propósito como motor estratégico
Para Thiago Oliveira, a ideia de que o propósito enfraquece a lógica empresarial é um equívoco. “O propósito não está no lugar do lucro. Ele está antes dele. É o que torna o lucro legítimo”, diz o executivo, que também é investidor na Bossanova Investimentos e mentor de startups em expansão. À frente da Saygo, Oliveira lidera uma operação com mais de 3 mil clientes, baseada em cultura organizacional sólida, governança de dados e impacto social direto por meio da ONG Oliveira Foundation, que já atendeu mais de 100 mil crianças em países lusófonos.
Na visão do empresário, liderar com propósito é tomar decisões difíceis pensando em legado, e não apenas em retorno trimestral. “Uma cultura baseada em valores claros cria autonomia, engajamento e escala. É isso que transforma empresas comuns em empresas que marcam época”, aponta.
Casos que demonstram o impacto da liderança com sentido
Entre os exemplos mais emblemáticos do Brasil, Luiza Helena Trajano tem consolidado o Magazine Luiza como referência em inclusão social e inovação tecnológica. Sob sua liderança, a empresa lançou iniciativas como o programa “Mulheres do Brasil” e políticas ativas de combate ao racismo estrutural no mercado de trabalho.
Fora do país, a Patagonia que chegou a doar 100% de seus lucros para projetos ambientais simboliza o modelo de negócio que cresce enquanto reinventa sua cadeia de valor. “Não se trata de ser bonzinho. É sobre ser relevante para o mundo que a empresa quer servir”, afirma Oliveira.
Da inspiração à execução: cultura é o elo
Criar uma cultura corporativa orientada a impacto exige, segundo especialistas, muito mais do que frases em painéis. É preciso rever processos seletivos, indicadores de desempenho e até as metas de curto prazo. “Valores só existem se forem praticáveis. Do contrário, são slogans vazios”, diz Oliveira, que defende a descentralização de decisões como ferramenta para construir times autônomos e comprometidos.
Empresas como Nubank, Arco Educação e Movile têm adotado modelos de gestão baseados em ciclos de feedback, liderança compartilhada e metas com indicadores ESG integrados estratégia que, segundo relatório da PwC, já é adotada por 48% das empresas listadas na B3.