Norma entra em vigor em 26 de maio de 2026 e obriga empresas a prevenirem assédio, estresse e burnout — com risco de multas e impacto previdenciário em caso de descumprimento.
A partir do dia 26 de maio de 2026, com tolerância de um ano para aplicação multas e sanções financeiras, empresas brasileiras precisarão se adequar à nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-01), que passa a exigir a gestão ativa dos riscos psicossociais nos ambientes corporativos. A nova NR-01 integra fatores como estresse, assédio moral, carga emocional e conflitos interpessoais ao Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), exigindo medidas práticas como políticas antiassédio, canais de denúncia seguros e capacitação da CIPA.
A Grant Thornton Brasil, empresa de auditoria e consultoria com atuação global, em parceria com o Ouvidor Digital, elaborou um guia prático sobre o tema e alerta: as mudanças podem impactar diretamente o contencioso trabalhista e a reputação das empresas que negligenciam as novas exigências.
“A gestão da saúde mental passa a ser um pilar estratégico para a sustentabilidade das empresas”, explica Alessandro Gratão, líder de Serviços Forenses da Grant Thornton Brasil. Segundo dados do relatório, somente em 2024, foram registradas mais de 2,1 milhões de ações trabalhistas no Brasil, número que pode crescer caso as companhias não se adaptem.
Penalidades para o não cumprimento da norma
O descumprimento da NR-01 pode resultar em multas elevadas, Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) e fiscalizações constantes do Ministério Público do Trabalho a partir de 25 de maio de 2026. “Afastamentos por causas psicossociais com nexo causal estabelecido equiparam-se a acidentes de trabalho, gerando implicações previdenciárias e indenizatórias relevantes”, destacou Alberto Procópio, sócio da área Trabalhista, Previdenciária e Global Mobility da Grant Thornton Brasil.
Além das perdas financeiras diretas, há prejuízos indiretos como queda de produtividade, rotatividade e danos à reputação. Segundo a Grant Thornton, investir na saúde emocional é estratégico para reduzir custos, fortalecer a imagem da empresa e atrair talentos. “Os custos com substituições, pagamentos de benefícios e queda de desempenho podem superar os valores das multas. É preciso compreender que a saúde emocional é um ativo estratégico”, completa o executivo.
Nesse cenário, empresas que já adotam iniciativas voltadas à gestão da felicidade e ao clima organizacional tendem a sair na frente. “Organizações com áreas dedicadas à escuta ativa e à prevenção de assédio, por exemplo, já estão parcialmente preparadas para o cumprimento da norma”, pontua.
Empresa lista dicas para como se adequar à NR-01
Para se adequar à nova NR-01, a Grant Thornton Brasil recomenda que as empresas elaborem uma matriz de riscos psicossociais, com monitoramento contínuo, envolvimento da CIPA e metodologias específicas para mapear e mitigar fatores críticos. A norma vai além da conformidade legal e propõe um novo olhar sobre o equilíbrio entre performance e bem-estar, incentivando políticas de escuta ativa, prevenção de assédio e práticas saudáveis no ambiente corporativo.
Entre as ações recomendadas estão:
- Avaliações periódicas de riscos psicossociais com ferramentas específicas (como a ARP);
- Revisão do papel da CIPA, com foco em diversidade, inclusão e combate ao assédio;
- Criação de canais de denúncia anônimos, com fluxos seguros e isonômicos de apuração;
- Digitalização e organização dos registros, integrados a normas como NR-17 e ISO 45003;
- Treinamentos personalizados e contínuos para lideranças e equipes.
As penalidades por descumprimento da norma podem ser multiplicadas por até 50 vezes o valor de referência em casos de reincidência e afastamentos por causas psicossociais podem ser reconhecidos como acidentes de trabalho. Por outro lado, empresas que adotarem a norma de forma estratégica terão benefícios culturais, financeiros e reputacionais, além da possibilidade de obter o selo “Empresa Promotora da Saúde Mental”, previsto na Lei nº 14.831/24.
“A NR-01 não é somente uma obrigação legal – é um marco para ambientes corporativos mais humanos e sustentáveis”, conclui Alessandro Gratão, da Grant Thornton Brasil. O guia completo está disponível gratuitamente para download aqui.