Apesar dos avanços em diversidade, especialista alerta que o verdadeiro desafio está em garantir o sentimento de pertencimento nas organizações
As empresas se encontram cada vez mais em uma posição de serem diversas, de oferecerem oportunidades equitativas a todos. No entanto, muitas ainda confundem inclusão com contratação. O verdadeiro desafio começa depois que o profissional é admitido: como ele é recebido? Ele se sente acolhido? Tem liberdade para expressar sua identidade?
Incluir vai além de preencher vagas com perfis diversos. Trata-se de criar um ambiente no qual essas pessoas se sintam seguras, ouvidas e respeitadas. Um espaço em que possam ser quem realmente são, sem medo de julgamento, exclusão ou retaliação.
De acordo com o estudo “Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas 2023-2024”, realizado pelo Instituto Ethos em parceria com o IPEC, apenas 3,2% das grandes empresas brasileiras contam com ações afirmativas voltadas à inclusão de pessoas LGBTI+ em cargos de direção, enquanto 45,3% sequer estabelecem metas para promover a diversidade em posições de liderança.
“Os números mostram que ainda estamos longe de uma real transformação nas empresas. Incluir não é suficiente se as pessoas não se veem representadas nos espaços de decisão. O próximo passo é garantir que profissionais diversos se sintam confortáveis e valorizados, afirma Hudson Cunha, especialista em RH, Diversidade e Aconselhamento de Carreira.
Para ele, não basta contratar, é preciso investir em ações contínuas que garantam escuta ativa, representatividade em cargos de liderança e um ambiente onde todos se sintam pertencentes.
Entre os principais desafios apontados por Hudson estão: a falta de preparo das lideranças, o baixo engajamento das equipes e pouco comprometimento com investimentos nessas iniciativas.
“Uma política de inclusão só é efetiva quando há compromisso em todos os níveis da organização. Isso inclui revisões de cultura, treinamentos constantes e, principalmente, abertura para o diálogo”, destaca o especialista.