Com a Selic a 15%, alta inadimplência e custos de crédito elevados, pequenas e médias empresas enfrentam forte pressão financeira
Juros altos, crédito caro e fluxo de caixa no limite. Ainda assim, as pequenas e médias empresas brasileiras têm mostrado resiliência. Mesmo com a Selic em 15% (Banco Central) — o maior patamar em quase duas décadas — e mais de 7 milhões de companhias inadimplentes (Serasa), o faturamento do setor cresceu 4,5% em 2024 (Agregar Contadores). O resultado superou o PIB nacional, estimado em 3,4%, e indica que a digitalização da gestão com análise de dados tem sido uma das principais aliadas da recuperação.
De acordo com a Serasa Experian, 7,1 milhões de empresas estavam inadimplentes em janeiro de 2025 — 31,4% das companhias ativas — com dívidas que, somadas, ultrapassam R$ 154 bilhões. O setor de serviços responde por mais da metade desse total (55,1%). Apesar do cenário desafiador, o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) registrou alta de 1,4% em agosto de 2025, na comparação anual.
Mesmo com algum fôlego, as taxas elevadas seguem comprimindo margens e encarecendo o capital de giro. Além disso, a inadimplência de clientes e fornecedores afeta diretamente o fluxo de caixa, enquanto a volatilidade de juros e câmbio torna o planejamento financeiro mais complexo.
Para Reginaldo Stocco, CEO da vhsys, plataforma que oferece soluções digitais para gestão empresarial, o ponto de virada está na informação. “Num cenário de juros altos, os dados em tempo real viram escudo. Quem acompanha o que acontece no dia a dia consegue fazer ajustes mais rapidamente, o que permite identificar déficits e tomar decisões antecipadas, como renegociar prazos ou adiar despesas, antes que o caixa estoure e o prejuízo se amplie”, afirma
O uso de ferramentas de gestão, como relatórios financeiros, controle de estoque, acompanhamento de margens e simulações de cenário, ajuda o empreendedor a entender se o negócio está operando de forma sustentável e a reagir com rapidez. Simulações de cenários também tornam possível projetar os impactos de variações de juros, custos ou inadimplência.
“Gestão eficiente não depende de tamanho, e sim de clareza. Quando a PME entende seus números, ela ganha poder de decisão. E é isso que garante longevidade num cenário de juros altos”, completa Stocco.
