Com juros altos e dificuldade de alugar ou vender, cresce a adesão a modelos que transformam imóveis em ativos digitais, garantindo pagamentos mensais sem precisar abrir mão do bem
Em um contexto de juros elevados, inflação persistente e aumento do desemprego, que chegou a 6,2% no trimestre encerrado em maio, segundo o IBGE, muitos brasileiros passaram a repensar a forma como utilizam seus imóveis. Com a perda do poder de compra e a dificuldade de gerar receita com aluguéis ou vendas, uma alternativa que tem ganhado ainda mais força é a transformação de imóveis, ocupados ou não, em ativos digitais imobiliários com geração de renda mensal, sem necessidade de desocupação, reforma ou burocracia bancária.
A solução é baseada em um modelo jurídico e tecnológico conhecido como tokenização e gestão de ativos digitais imobiliários, que permite ao proprietário manter o uso total do imóvel, seja para moradia ou locação, enquanto recebe uma renda fixa mensal com respaldo contratual por até 20 anos. O modelo vem atraindo desde famílias em busca de estabilidade até herdeiros que desejam planejar a sucessão patrimonial sem se desfazer dos bens.
“Por muito tempo o imóvel foi encarado como uma posse emocional. Mas o cenário econômico atual vem acelerando uma mudança de mentalidade: patrimônio precisa gerar retorno”, afirma Rafael Pimenta, CEO da Aluguel Virtual e um dos precursores da tokenização imobiliária no Brasil. “Com a tecnologia certa, o imóvel parado deixa de ser custo e passa a ser uma fonte de receita previsível”.
O processo é relativamente simples: após uma simulação inicial, o imóvel passa por uma avaliação técnica e jurídica. Se aprovado, é registrado como ativo digital, mantendo a titularidade com o proprietário. A operação é respaldada por cartório, contratos públicos e estrutura jurídica que blinda o bem de riscos externos, como ações judiciais ou inadimplência de inquilinos, problemas comuns no aluguel tradicional.
Esse modelo se destaca por atender também pessoas que enfrentam dificuldades de acesso ao crédito. “Estamos falando de uma alternativa legítima para quem precisa de renda, mas não quer, ou não pode, vender ou desocupar seu imóvel”, explica Rafael.
Para quem adere à proposta, os impactos são imediatos. Leonardo Bergamo, um dos participantes do modelo, relata: “Conseguimos planejar nossas finanças com mais tranquilidade. A renda que antes era incerta agora é garantida todos os meses, sem preocupação com inquilinos ou atrasos”.
Além da previsibilidade, outro diferencial é a possibilidade de seguir utilizando o imóvel normalmente. Seja para moradia, locação ou até mesmo sem uso, o proprietário mantém o controle total sobre o bem, o que muda é a lógica de geração de renda: “Estamos digitalizando o patrimônio e oferecendo uma nova forma de se relacionar com ele. Essa é uma revolução silenciosa no mercado imobiliário”, diz Rafael.
Segundo dados da empresa, mais de R$ 4 bilhões em imóveis já foram transformados em ativos digitais, e mais de R$ 9,2 milhões pagos mensalmente aos proprietários. A expectativa das empresas que operam nesse modelo é dobrar esses números nos próximos 12 meses.
Com base em tecnologia de contratos inteligentes e uma estrutura jurídica inovadora, a solução vem sendo adotada principalmente em grandes centros urbanos e imóveis com valor a partir de R$ 500 mil. E a tendência é de crescimento. “Estamos vivendo uma virada de chave. O imóvel parado, que antes gerava apenas custos, agora pode ser a chave para a estabilidade financeira”, conclui Rafael.