Com a chegada de novembro, a reta final do ano impõe uma tensão silenciosa sobre líderes e gestores: como manter a produtividade das equipes em alta sem comprometer o bem-estar emocional dos colaboradores? Dados recentes indicam que, ao contrário da crença comum, o fim de ano não precisa ser sinônimo de queda de desempenho – desde que haja planejamento, escuta ativa e estratégia.
De acordo com o relatório State of the Global Workplace 2024, da Gallup, apenas 21% dos trabalhadores no mundo estão engajados com seu trabalho, índice que tende a piorar nos últimos meses do ano, especialmente em contextos de pressão, metas mal definidas e cansaço acumulado. Além disso, uma análise da Prodoscore revelou que a produtividade das equipes começa a cair já em outubro, com redução do foco e aumento da procrastinação, fenômeno batizado como holiday slump (“ressaca pós-feriado”, em tradução livre).
Para Andre Purri, CEO da HRTech Alymente, o impacto emocional da virada do ano nas equipes é frequentemente negligenciado. “Há um simbolismo do encerramento que ativa muitas emoções: expectativas frustradas, fadiga, comparação entre colegas. Ignorar isso é perder a chance de atuar preventivamente. Quando líderes reconhecem esse momento e dão estrutura, os resultados aparecem”, afirma.
Trabalhadores submetidos a altos níveis de estresse apresentam queda significativa de produtividade e maior risco de adoecimento mental, especialmente quando a pressão é prolongada e não há reconhecimento ou clareza de metas.
Entre as ações práticas para atravessar esse período com equilíbrio estão: definir metas claras e alcançáveis até o fim de dezembro, comunicar prazos com antecedência, priorizar entregas de maior impacto, oferecer horários mais flexíveis e valorizar publicamente os esforços das equipes. Ambientes que equilibram desempenho com bem-estar emocional apresentam maiores taxas de engajamento e menor absenteísmo no retorno do recesso.
Também é essencial que lideranças mantenham rituais de escuta ativa, como conversas individuais, enquetes rápidas ou reuniões informais. Esses momentos ajudam a identificar sinais de esgotamento e reforçam o sentimento de pertencimento que, segundo a própria Gallup, é um dos principais preditores de performance.
“Ao reconhecer que o fim de ano não é apenas o encerramento de um ciclo operacional, mas também emocional, as empresas se posicionam melhor para iniciar o próximo ano com energia renovada e equipes mais engajadas. Ignorar isso pode custar caro, em produtividade, clima e confiança”, conclui.