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Estudo da Gallup mostra que o reforço positivo pode elevar em até 24% os lucros das empresas; modelo “feedforward” é alternativa eficaz ao feedback tradicional

A forma como as empresas reconhecem os esforços de seus colaboradores está diretamente relacionada ao desempenho financeiro e à retenção de talentos. Um estudo global conduzido pela Gallup revela que organizações que adotam uma cultura de reconhecimento contínuo podem registrar até 24% de aumento na rentabilidade. No Brasil, a discussão sobre o papel estratégico do feedback tem ganhado força entre lideranças que buscam ambientes mais produtivos e engajados.

Alexandre Slivnik, vice-presidente da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), diretor executivo do IBEX e professor convidado do MBA de Gestão Empresarial da FIA/USP, defende que a forma tradicional de dar feedback, centrada apenas na correção de falhas,  precisa ser substituída por abordagens mais construtivas. “O feedback mais eficaz é aquele que amplia o que já funciona bem. Quando o líder reconhece um comportamento positivo de forma clara, ele aumenta as chances de esse comportamento se repetir. Isso gera confiança e fortalece a equipe”, afirma o executivo.

Segundo ele, a alternativa mais eficiente é o chamado “feedforward”, método que prioriza o reforço de comportamentos desejáveis e atitudes bem executadas. “É importante observar mais os acertos do que os erros. O reconhecimento não exclui a correção, mas cria um ambiente mais seguro para que o colaborador esteja aberto a evoluir”, completa  Slivnik.

O levantamento da Gallup indica ainda que colaboradores que recebem reconhecimento frequente têm três vezes mais chances de estar engajados no trabalho e o dobro de chances de avaliar sua equipe como excelente. Esse cenário se reflete não apenas no bem-estar dos profissionais, mas também no desempenho geral da organização.

Slivnik alerta para os riscos de uma liderança baseada exclusivamente na crítica. “O feedback tradicional, quando mal aplicado, compromete a motivação e a autoestima dos colaboradores. Um comentário mal colocado pode anular um esforço genuíno e comprometer o desempenho da equipe como um todo”, diz  Slivnik.

Para o especialista, o reconhecimento deve ser pontual e genuíno. Ele cita o exemplo de um colaborador que realiza um atendimento excelente, mas, em vez de receber um elogio, houve imediatamente uma crítica sobre o que poderia ter feito melhor. “Isso reduz o entusiasmo e desvaloriza o esforço. O ideal seria destacar aquilo que deu certo, como a forma de se comunicar ou a atenção ao cliente. Quando o elogio é específico, ele tende a ser repetido”, explica o especialista.

Além de impulsionar a motivação, o uso consciente do feedback positivo influencia na retenção de talentos. “Empresas que valorizam seus colaboradores criam vínculos mais duradouros. O reconhecimento se transforma em senso de pertencimento, reduzindo a rotatividade e ampliando a lealdade das equipes”, afirma Slivnik.

A prática, segundo ele, deve estar incorporada à cultura organizacional, com líderes preparados para observar e reconhecer comportamentos estratégicos. “Quando a liderança usa o feedback com consciência, empatia e estratégia, ela transforma o clima da empresa. O encantamento começa dentro de casa, com o time sendo reconhecido pelo que faz de melhor”, conclui o especialista.

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