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A Deloitte apresenta a pesquisa “Tax do Amanhã 2025”, que mapeia e analisa prioridades e tendências relacionadas à transformação tributária no Brasil. Realizada com apoio institucional da Thomson Reuters, contou com a participação de 147 empresas, de oito segmentos econômicos, sendo 46% delas com receita superior a R$ 2,5 bilhões em 2024 e 40% atuando em todas as regiões do país.

Os resultados indicam o que pensa o empresariado brasileiro frente impactos e mudanças da reforma tributária. Dois terços apontam preocupação com o período de transição, no qual dois modelos irão vigorar simultaneamente, de 2026 a 2032. Nesse cenário, 67% dos respondentes afirmam que já efetuaram estudos sobre os efeitos das mudanças. Entre as empresas que ainda não fizeram, 65% planejam realizar o estudo ainda em 2025. “As empresas estão mais e mais conscientes da importância de realizar estudos detalhados sobre os impactos da reforma, visando a preparação estrutural, tecnológica, operacional e financeira”, analisa Gustavo Rotta, sócio de Consultoria Tributária da Deloitte.

Ele explica que o período de transição traz o desafio de gerenciar dois conjuntos de apurações, declarações e obrigações acessórias, o que causa preocupação quanto à possível elevação da carga de trabalho e burocracia. “Nesse sentido, as empresas devem se preparar para garantir conformidade e para não haver comprometimento da eficiência da área tributária. É importante realizar um planejamento estratégico, adaptado às particularidades de cada organização, para mitigar impactos”, completa.

A pesquisa também mostra uma consolidação do entendimento das empresas em relação a alguns aspectos da reforma. A percepção de que a reforma promove a simplificação de impostos (76% em 2023) manteve-se praticamente inalterada (78% em 2025); enquanto a de que possibilita a redução das obrigações acessórias cresceu de 51% em 2023 para 62% em 2025. O maior salto é na percepção de que a reforma tributária traz maior transparência da carga: de 35% em 2023 para 63% em 2025.

“O brasileiro quer andar em conformidade. À medida que as organizações se aprofundam no texto da reforma, também crescem as perspectivas positivas em relação a tópicos específicos, como maior clareza na definição do fato gerador e dos conceitos do IBS, redução das alterações nas normas e aumento na segurança jurídica”, frisa Gustavo Rotta.

“Entendemos que a Reforma Tributária representa oportunidades na mesma medida dos desafios que traz para as empresas. O apoio da Thomson Reuters a esta pesquisa é parte da nossa visão de fornecer não apenas soluções tecnológicas inovadoras, mas também insights valiosos sobre o tema e reflexões importantes para apoiar os profissionais durante esta transformação profunda da gestão tributária do Brasil”, afirma Luciano Idésio, vice-presidente do segmento de Corporações para América Latina na Thomson Reuters.

Automação e aplicação de IA são tendência

Diante de um cenário tributário cada vez mais complexo e dinâmico, a automatização das rotinas está em expansão na área tributária das empresas, conforme evidencia a pesquisa. Nove em cada dez entrevistados já automatizaram alguma operação fiscal ou tributária, principalmente para obter ganhos de eficiência em tarefas repetitivas e de alto volume.

Aplicações para atividades mais analíticas e complexas, como o cálculo de impostos e a apuração de tributos, também despontam como tendência. As principais operações fiscais e tributárias automatizadas são a emissão de notas fiscais (citada por 61% dos entrevistados), lançamentos fiscais de entrada (51%), cálculo de impostos (45%) e apuração de tributos, como ICMS, ICMS-ST, IPI, ISS (43%). O custo para implementar novas tecnologias é mencionado como fator decisivo para investimentos em inovação.

A inteligência artificial – incluindo a generativa – já é utilizada na área tributária por 14% das empresas respondentes, aplicada, principalmente, para automatizar processos fiscais (60%), classificar e categorizar documentos (40%), gerir as auditorias fiscais (35%), analisar riscos fiscais (30%), monitorar e detectar mudanças na legislação (30%) e garantir conformidade de fornecedores com leis e regulamentações (25%).

“Há oportunidades de utilização da IA por um número maior de empresas nas atividades tributárias, de forma que os profissionais da área possam se concentrar em funções mais estratégicas, como a gestão de relacionamentos com órgãos fiscalizadores. A tecnologia representa um investimento que pode gerar retornos significativos a médio e longo prazo, permitindo que as empresas se tornem mais ágeis, resilientes e competitivas no mercado global, além de promover a cultura de inovação”, destaca Gustavo Rotta.

Análise de impactos e outros desafios

Das empresas entrevistadas, 37% temem custos ainda não previstos; 34% estão apreensivas com perdas de incentivos; 31% citam a falta de profissionais qualificados; e 31% se preocupam com o prazo para monetização de créditos existentes. “É fundamental que as empresas analisem a necessidade de adaptações de sistemas, investimentos em tecnologias, treinamentos de equipes e parcerias com especialistas”, afirma Luiz Rezende, sócio-líder de Consultoria Tributária da Deloitte.

Entre os 67% dos entrevistados que já realizaram estudos sobre a reforma tributária, 48% alegam que deve haver aumento da carga tributária com consequente repasse de preço ao produto ou redução de margem; 21% afirmam que deve ocorrer redução da carga tributária, com potencial de redução de preços ou aumento de margem; 16% informaram que a carga tributária deve permanecer substancialmente neutra; e, para 15%, o estudo não foi conclusivo ou não incluiu impactos sobre carga tributária.

Entre as empresas que se beneficiam de incentivos fiscais e realizaram estudos de impacto, 41% afirmaram que não realizarão mudanças de posicionamento geográfico e no desenho da cadeia de suprimentos; 33% não realizarão mudanças no posicionamento geográfico, mas estão avaliando mudanças na cadeia de suprimentos; 9% pretendem realizar mudanças no posicionamento geográfico que acarretem menor impacto possível sobre a cadeia de suprimentos; e 17% devem realizar um redesenho completo da operação, tanto do posicionamento geográfico quanto da cadeia de suprimentos.

Das organizações que ainda não realizaram estudos de impacto, 65% planejam fazê-lo neste ano e 35% ainda aguardam a publicação de normas complementares, uma vez que a Lei Complementar 214/2025 avançou na regulamentação, mas deve ser detalhada por outras leis ordinárias e atos normativos dos órgãos fiscalizadores. “É importante destacar que a legislação deve evoluir ao longo do processo de implementação da reforma tributária, aumentando a complexidade e exigindo atenção. Por isso, as empresas devem apostar na simulação de cenários e adaptação proativa dos processos internos”, orienta Luiz Rezende.

Nesse contexto, mais de três em cada dez empresas planejam terceirizar parcial ou totalmente as operações transacionais de tax, seja para lidar com os tributos atuais ou os novos, enquanto 65% devem manter o modelo vigente. Atualmente, 43% das empresas adotam modelos que contam com o suporte de parceiros, por meio do co-sourcing ou outsourcing.

Perante o cenário complexo de coexistência de modelos e perspectiva de edição de legislações complementares, 7% das organizações afirmam que pretendem delegar completamente o compliance dos novos tributos a prestadores especializados. Para o sócio-líder de Consultoria Tributária da Deloitte, essa abordagem estratégica, além de diminuir riscos, pode trazer vantagens competitivas, como melhor aproveitamento das oportunidades relacionadas a créditos tributários, o acesso a tecnologias avançadas e metodologias otimizadas para o compliance fiscal.

Metodologia

Em sua quarta edição, a “Tax do Amanhã” foi realizada com o apoio institucional da Thomson Reuters e teve a participação de 147 empresas, consultadas entre os meses de fevereiro e maio de 2025. Dessas organizações, 17% se classificam no setor de serviços; 16% de agronegócio, alimentos e bebidas; 16% de bens de consumo; 13% de infraestrutura; 13% de mineração, petróleo e gás; 16% de bens de consumo; 10% de comércio; 8% de serviços financeiros; e 7% de TI e Telecom. Além disso, 40% delas atuam em todas as regiões do país.

Em relação ao faturamento, considerando o ano de 2024, 19% das empresas entrevistadas tiveram receita até R$ 500 milhões; 35% entre R$ 500 milhões e R$ 2,5 bilhões; 17% entre R$ 2,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões; e 29% acima dos 7,5 bilhões. Além disso, do total de participantes, 43% têm origem estrangeira de capital; 49% brasileira e 8% mista.

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